Somos todos seres dotados de erros e imperfeições, mas é só por causa disso que conseguimos encontrar aqueles que nos completam e juntamente somos capazes de formar um só. Aqueles que ditam viver felizes sozinhos, apenas estão a tentar enganar-se a eles próprios. Se o mundo fosse criado para vivermos afastados uns dos outros, não teríamos sido criados com a capacidade de dialogar, de ouvir ou de sentir. Não existiria amor, amizade ou até mesmo ódio e raiva. Não serve de nada esconder os sentimentos, mais cedo ou mais tarde, eles acabarão por te dominar e aí vais começar a agir com o coração, ele não existe unicamente para bombear o teu tipo de sangue. Eu sempre acreditei, acredito e continuarei a acreditar nisto, sou uma voraz adepta de sentimentos mútuos, de sensações que nos levam até ao limite das nossas capacidades.


Ela desceu as escadas, sentou-se no seu lugar habitual e começou a comer os mesmos cereais de sempre. Houve apenas uma única coisa que me fez notar que algo não estava bem: ela não sorriu para mim! Não era habitual ela falar logo de manhã, nem sequer para dizer 'bom dia!' Ela detestava conversas matinais mas sorria sempre para toda a gente notar que não se tinha esquecido deles, e para mim muito mais, era a sua companhia diária e ela sabia que era o único que verdadeiramente a compreendia.
-Ok - comecei eu, - já percebi que algo não está bem. 
-Pois. Eu tive um sonho.
-Aquele sonho que tem feito acordares sobressaltada diversas vezes de noite?  
-Sim...
-Outra vez? Tiveste-o durante 3 noites seguidas e hoje voltou a atormentar-te?
-Sim…
-Mas tinha algo de diferente desta vez ou é sempre igual?
-Sempre igual… Estou sentada no passeio da avenida com uma multidão de pessoas ao meu lado todas vestidas de preto e a chorar. 
-E porque é que estão a chorar? 
-Não entendi muito bem ao inicio mas depois passado algum tempo eu vejo um homem com uma cruz e dois acólitos de cada lado a segurar cada um uma vela.
-É um funeral?
-Sim, atrás deles vem o padre vestido de roxo, com outros 2 acólitos de cada lado, e logo a seguir aparecem 6 homens a carregar um caixão.
-De quem é o funeral?
-Perguntei o mesmo a uma senhora que estava ao meu lado e ela respondeu-me que era o funeral do meu irmão…
-Do teu irmão?
-Nem queria acreditar no que ela disse mas todas as outras pessoas confirmaram e começaram a abraçar-me e a dar-me os seus pêsames pela morte do meu irmão. Eu só queria fugir dali, mas não conseguia. Comecei a sentir-me sufocada e comecei a chorar e… 
-O que aconteceu depois?
-Acordei. Com a cara toda molhada das lágrimas que me caíam dos olhos.
Reparei que os olhos dela voltaram a ficar cheios de lágrimas, só por estar a recordar as imagens deste terrível pesadelo!
-Como te lembras de tantos pormenores desse sonho? Eu nem sequer me lembro de um bocadinho que seja dos meus sonhos!
-Acho que o sonhei demasiadas vezes.
Ela acabou a taça dos cereais, deu-me um beijo na face e saiu pela porta da frente. Mas mesmo assim, eu sentia que ela estava receosa com alguma coisa! Talvez por causa de ver aquelas pessoas que vão aos programas diurnos de televisão dizer que os sonhos têm significados bastante fortes ou que quando sonhas com algo muitas vezes seguidas, isso acaba por acontecer... Ela estava a temer pela vida do irmão e eu entendia isso melhor do que ninguém, apenas achava que não valia a pena ela dar tanta importância a algo tão banal como sonhar. 
Olhei para o relógio e já estava extremamente atrasado. Larguei a taça do meu pequeno-almoço em cima da mesa e corri porta fora, mais rápido que o Faísca McQueen!


- AnaTavares

eu vou fazer de tudo para não te deixar escapar, 
tu vais continuar a amar-me, 
ele/a vai morrer de inveja da nossa relação.
nós vamos ser eternamente felizes,
vós ides continuar a ser nossos grandes amigos,
eles/as vão dizer que nunca encontraram 2 pessoas que fossem tão felizes juntas.


E foi assim que aprendi a conjugar o verbo "ir" no presente.


Porque tu foste o único que alguma vez me fez acreditar na teoria do "amor eterno!"