11# Carta para uma pessoa falecida com a qual gostavas de falar

Olá vó e vô! Como estão? Vocês fazem falta aqui em casa. Ficou muito vazia desde a vossa partida.
Eu ainda era pequenina quando tu partiste, avô. Andava apenas no 3ºano mas lembro-me perfeitamente de como nos adoravas. Nós éramos os teus netinhos mais pequeninos e tu mimavas-nos muito. Mas também ralhavas quando nós éramos umas pestes e te irritávamos. Eu adorava a tua capacidade de resolveres problemas matemáticos em breves segundos. Parecia que tinhas uma calculadora instalada na cabeça!
Andava no 6º ou 7º ano quando foi a tua vez de partir, avó. Apesar da tua doença, eu sabia que, quando alguém próximo falava contigo, tu conseguias reconhecê-los, mesmo que por breves momentos. Não me esqueço dos sorrisos quando nos vias e das risadas que davas. Nunca foi um mártir ter que ajudar a mãe ou a tia a tomar conta de ti mas, infelizmente, só consegui perceber isso muito tarde.
Porque é que só sentimos falta de alguém quando ela nos deixa? Porque é que só notamos que alguém é importante para nós e que nos faz feliz quando já cá não está? Porque é que vocês tiveram de partir tão cedo?
Tantas coisas que se passaram que eu adorava que vocês tivessem assistido! Tantos momentos que eu queria que vocês os tivessem vivido connosco! Tanta dor, tanto sofrimento! Tanta alegria, tanta felicidade! Tanto amor, tanto ódio!
Mas não somos nós que mandamos e as coisas acontecem porque alguém assim o quis. Vocês sempre me ensinaram que há uma força superior que sabe sempre o que faz e que raramente erra. Eu tento sempre pensar dessa forma, mas é difícil!
Vocês partiram muito cedo e deixaram memórias e recordações naqueles que mais vos amavam. Aquele que mais deu de si aos outros, nunca será esquecido mesmo depois de nunca mais puder voltar ao sítio de onde partiu.
Não posso dizer que sou a pessoa mais azarada do mundo porque tive a oportunidade de vos ter conhecido e partilhado muitos momentos convosco. Há muita gente que não teve essa sorte.

Eu amo-vos e permanecerão na minha memória e no meu coração, até ao fim dos tempos...